29.11.05

_ Puf.

Está acabando comigo estudar tanto. Quer dizer, lutar para estudar. Porque estudar mesmo, está díficil. Mas ainda mais complicado é lutar contra um dos meus piores inimigos. Não, não é a disputa acirrada de 64 almas (sedentas por conhecimentos e um lugar ao sol)por vaga e nem contra o tempo que parece ficar cada vez mais curto... É contra mim. O modo irritante como me cobro de uma maneira cruel. Nunca me basta estar na média, preciso me destacar, ser a melhor. Que ódio. Não consigo colocar na cabeça, entre logaritmos e os malditos mols e espelhos concâvos que eu não POSSO SABER TUDO. Que por mais que eu estude, eu NÃO VOU SABER. Vestibular é cruel, mas entrar em conflito com tudo que você é... isso sim dói. Dói mais que minhas costas depois de passar o dia inteiro debruçada sobre uma maldita carteira de colégio. Sim, tempestades no copo d´água. Eu sou assim e tenho que aprender a lidar com isso! Estudando pra passar ... no vestibular da vida. Talvez eu tenha que estudar um pouco mais. Puf.

_ Otimismo.

Um dia daqueles. Um dia feliz. Sabe? Então, esse conto é sobre esse dia, que acordamos pra sorrir.

Otimismo.
*Pt. 1 *

Ligou o chuveiro. A água caiu sobre seus ombros e ela se encolheu um pouco, dando risada. A água quente foi encharcando seus cabelos longos, fechou os olhos, só ouvindo o barulho da água caindo na banheira e escorrendo lentamente. Olhou pela janela e nem fazia um dia tão bonito assim. A tempestade da noite passada tinha deixado o céu tristonho e cinzento e o ar úmido. Mas ela não estava nem aí para as nuvens pesadas que caminhavam vagarosamente pelos céus pois estava feliz. Ela não sabia como e nem porquê, mas sorria. Não estava tudo certo, era bem verdade. O preço das coisas continuava aumentando e o governo estava uma bagunça. Ela tinha muitas coisas para fazer, seu quarto estava bagunçado e ainda não tinha achado aquele livro que sua mãe pedira. Também continuava acima do peso e aquela blusa que ganhara do namorado de natal ainda não servia. Mas nada disso importava, ela estava feliz! Pela primeira vez na vida estava ali, debaixo da água, lavando os cabelos e sorrindo. E não era só um surto, aquelas coisas que a gente tem quando acontece algo muito bom de repente, sabe, quando sorrimos e cantamos e pulamos e o mundo parece todo feito pra gente. Era uma coisa estranha que envolvia seu corpo e sua alma, apertava-a de uma forma confortável, porque tudo estava bom, muito bom... Não perfeito, porque nada nessa vida é perfeito, mas...

Continua ...