29.6.13

Amores Platônicos



Impossível ouvir Chico sem lembrar de você.
Sem lembrar sua pele e compleições de menino, do seu cabelo escuro cor de noite, dos teus cílios femininos, seus olhos profundos, da sua forma esguia, sua beleza longilínea. Difícil não pensar nos seus lábios fartos, desenhados, quase vício .A melodia vem me lembrar dos seus trejeitos sombrios e sutis, do seu silêncio misterioso, da sua risada de criança e do discurso envolvente, de cadência macia. Quando você fala, o mundo cala para eu te ouvir.
A voz não me deixa esquecer o sorriso discreto, o abraço demasiado breve, a paz sem fim que você me faz sentir, de estar do seu lado, o calor da sua palma, a batida nervosa do seu coração.   
Ouvir Chico é lembrar a distância que ainda é muito grande, o desejo cada vez maior, a minha teimosia burra, é perceber que te perco sem nunca ter ganho.
Ouvir Chico, amaldiçoado, coitado, pela sua recordação, é trazer você para junto de mim, viver seu olhar, sentir seu perfume na minha pele, deitar com sua figura na minha memória.
Ouvir Chico é tortura, é perdição, é desejar além do que eu posso conseguir, é amar a ideia, suspirar minha frustração.
Mas não consigo, não consigo parar de ouvir Chico...