Último conto 2012.
Que em 2013 haja mais inspiração (e disciplina)
Até mais.
BODAS CARMESIM
Aquela
última garfada lhe caiu particularmente mal. Não que as outras tinham sido de
alguma forma agradáveis, mas aquela última acabou precocemente com seu apetite.
Olhou para o prato meio vazio, sentindo náuseas. Mas preferia olhar para aquela
comida indigesta do que encará-la. Ele podia sentir seus movimentos na outra
ponta da mesa, ouvir o barulho da faca cortando o pedaço de carne mal-passada.
Até sua mastigação, lenta, dura. A TV não podia disfarçar o extremo
desconforto. Nada podia disfarçar o que pairava sobre a mesa farta do jantar.
Ódio. E medo.
Ele
não fazia o tipo covarde. Tinha passado por maus e tensos bocados durante a
longa vida, inclusive aquele assalto, ainda podia lembrar-se do revólver
pressionando suas costelas. Ele teve medo, suou frio, as pernas bambearam.
Sabia que ali poderia ter perdido sua vida. Mas foi um choque de adrenalina,
poucos minutos, apesar da eternidade de sua duração relativa. Porém, aquele
medo não era como nada que já tinha experimentado. Era constante. Sufocante.
Exasperante. Estava ali com ele durante a refeição. Quando saia para o
trabalho, sempre esgueirando por trás dos ombros. Quando chegava a casa.
Respirava fundo, três vezes, antes mesmo de colocar as mãos na maçaneta. E o
pior. Quando ia dormir. Sua audição parecia ficar milhares de vezes mais
aguçada, cada mínimo ruído o despertava. Seu corpo todo estava em constante
alerta, esperando algo muito ruim acontecer com ele. Era cansativo. Seu corpo
doía, as articulações pareciam duras, os olhos como se fossem polvilhados constante
com areia. O pânico era implacável.
E
o que despertava esse medo?
_
Minha comida está assim tão detestável?
Ele
levantou os olhos com muito esforço. Seu corpo estremeceu.
_
Meu... meu fígado está bem ruinzinho hoje. Sua comida está boa sim.
Engoliu
seco. Esperou. Ela o encara com frieza. E ódio. Sim, por debaixo das camadas de
gelo, havia lava borbulhante. Desviou o olhar e afastou o prato. Até quando
poderia viver assim?
_
Bem feito. Fica comendo porcaria na rua. Você não tem mais idade para isso.
Ele
levantou devagar da cadeira para deixar a mesa. Não ouvindo nenhum comentário
pernicioso, investiu em uma fuga bastante imperceptível. Seu quarto, o único
lugar “seguro”.
Ele
nunca se sentia seguro de verdade.
Não
no mesmo teto que ela.
Entrou
no quarto e cuidou de trancar a porta. Há alguns anos, não seria necessário
fazer isso. Mas naquele dia seu pânico tinha atingido tais proporções, que
sentia que o coração ia explodir em desespero se não pudesse contar com nada
que lhe proporcionasse a mínima ilusão de segurança.
Caiu
pesadamente na cama, que gemeu levemente com o impacto. As luzes estavam
apagadas e ele suspirou pesadamente. Por um minuto, sentiu o corpo relaxar. A
mente baixar a guarda. Contudo, sentiu que choraria a qualquer momento. Àquela
altura da vida. Riu, nervosamente. Era um velho ridículo mesmo, ela tinha
razão. Contudo, a lembrança de sua imagem mórbida tensionou-o por inteiro
novamente.
Tinha
que ser hoje.
Eram
casados há 40 anos. Mas sua esposa dificilmente lembrava a mulher com quem ele
casara. Oras, ele provavelmente também era pouquíssimo parecido com aquele
jovem entusiasmado, cheio de planos, charmoso. A idade não poupava ninguém, as
rugas ao redor dos olhos eram testemunhas inquestionáveis. Mas basicamente, ele
era o mesmo, bem no fundo, apenas uma versão envelhecida de si mesmo. Isso se
você não contar que, naquele exato momento, ele era uma versão envelhecida e
mortalmente apavorada.
Sua
outrora bela esposa, contudo, fora transformada muito além da erosão normal do
tempo. Não eram suas rugas, sua pele flácida, os muitos quilos a mais, o cabelo
acinzentado, a gradual perda de energia. Era o que ela era de verdade. No
fundo. Sua alma, ele atreveria a dizer. Tudo bem, ela nunca foi a mais doce das
mulheres. Fazia a linha durona, esquentada, tinha um humor realmente caustico.
Mas era boa pessoa. Agradável, ótima de se conversar. Ele sorriu amargamente,
um gosto acre no fundo da boca. Ele a amara. Loucamente. Olhou para a porta.
Agora ele a usava trancas para se proteger. Que infelicidade.
Tinha
que ser hoje. Sua saúde já não era a mesma. Inclusive a mental, ele temia.
Tinha que se libertar daquele horror que o possuía. Tentara lutar contra ele.
Muito. Mesmo quando o amor e a amizade, cola que gruda muitos casais depois de
tantos anos de união, já tinha se tornado indiferença. Mas a indiferença era
perfeitamente aceitável. Mas não a eminência da morte no quarto ao lado,
roncando como se fosse um cão infernal. Nunca tinha ouvido nenhum relato de um
marido aterrorizado por sua esposa. Era quase risível a situação.
Mas
não havia nada de engraçado. O tragicômico passava longe daquela situação. Era
um filme de terror, rodado em loop em
sua mente insone, abatida, derrotada.
Pensara
em uma Síndrome do Pânico. Era só um nome para uma doença para lá de esquisita.
Pensara em demência precoce, pensara em esquizofrenia, em paranoia, em intoxicação
por alguma toxina na casa, no trabalho. Bolores do mal, aham, já tinha visto um
documentário sobre aquilo (trancado a sete chaves em seu quarto). Mas ele sabia
que no fundo estava tentando ser solidário consigo mesmo e com sua ex-esposa.
Ex, porque aquela mulher tenebrosa não era sua esposa de forma alguma. Era
impossível.
Ela
começou a mudar lentamente. Suas piadas não tinham mais humor. Eram críticas,
ofensas. Sua gargalhada, que antes era espalhafatosa, mas gostosa de ouvir,
tornara-se um ruído rouco e irônico. Seus olhos tinham mudado, seu olhar. Era
mais do que duro ou carregado de ódio. Era vil. De gelar a espinha. Ela
transpirava ódio. Sua postura, sempre tensa, o jeito como sua mandíbula parecia
sempre contraída. Qual fora a última vez que a vira sorrir? Seu silêncio era
assustador. O jeito como às vezes a via sentada a penteadeira antiga, presente
do casamento dos dois, penteando os curtos cabelos, os olhos anuviados e olhar
perdido, as mãos como garras cravadas na escova, longas, demoradas e incansáveis
escovadas. Ou quando ele a pegava olhando para ele, desprezo. No tom de suas
palavras contra ele. Sim, ela não se dirigia mais a ele, e sim contra ele. Ela tinha se tornado uma
sombra, curvada, carregada, aquele tipo de pessoa que só de sentar perto de
você, faz seu corpo se arrepiar como em um mau presságio.
E
o mau presságio era a morte. Ela o odiava com todas as fibras de seu ser. Ela o
queria morto. Ele sentia isso como se soubesse de verdade. Como se ela o
tivesse ameaçado com palavras nocivas e cruéis... não, ainda pior: como se o
tivesse jurado de morte. E essa jura implícita e quase sutil era o que o
deixava apavorado. Era mais que o desconforto de viver e dividir a casa com
alguém que obviamente não o queria ali; era o temor por sua vida. Ele
acreditava estar em constante perigo. Por isso seu comportamento praticamente
furtivo. As portas trancadas. Ele queria sobreviver. Queria escapar. Precisava
continuar vivo.
E
não podia dividir isso com mais ninguém. Tachariam-o de louco, com certeza. Como
explicar que aquela senhora soturna, mas de comportamento respeitável, estava
planejando matá-lo? A convivência externa, sempre breve, com certeza não era a
mais confortável e agradável para as outras pessoas, mas também não era do tipo
perigosa. Olhá-la e considerá-la uma
ameaça mortal parecia de fato loucura e descontrole. Até mesmo uma piada de
mal-gosto. Mas ele sabia mais. Sua presença era mais que inconveniente; era
fatal. Seu comportamento para com ele, por vezes, ultrapassava as agressões
verbais e a frialdade do desafeto. Tornava-se agressiva. Sua voz adquiria tons
de descontrole, flertando com uma agressão física eminente. Suas pausas e seu
silêncio pareciam prepará-la para algo pior. Assim como ele estava quase
transbordando de terror, ela estava prestes a transbordar de ódio. Nada bom
poderia surgir dali. Ele tinha que escapar. Imediatamente.
Levantou
da cama decido, apesar de estar tremendo e dominado por um horror maior que ele
mesmo. Era o comportamento de um animal acossado, lutando para fugir de uma
armadilha dolorosa, olhando diretamente para os olhos sem piedade do caçador.
Ela
estava sentada no sofá da sala, os olhos daquele jeito sombrio, perdidos,
desconcentrados, mortos. A sala vibrava apenas com as luzes do televisor.
Acendeu as luzes e reunindo forças que só um sobrevivente consegue, começou a
falar.
_
Precisamos conversar.
O pescoço se moveu lentamente da
televisão para ele. Mediu-o de cima a baixo, o desprezo crescendo em seu rosto,
dando-lhe um esgar praticamente demoníaco e quase intolerável de observar. Ele
não desviou o olhar.
_ O que pode ser tão importante
para você ter coragem de sair de sua pequena cova?
Seu tom era ácido, como sempre.
Ela estava, enfim, deixando bem claro que sabia estar conversando com um velho
pateticamente em pânico crônico. Parecia, de uma forma doentia, apreciar esse
conhecimento.
_ É muito importante.
_ Vindo de você, acho difícil
acreditar.
A ênfase em você o deixou profundamente nauseado. Queria sair correndo. Devia
fugir, porque mesmo ele queria deixar as coisas em pratos limpos para seu
algoz? Talvez porque aquela criatura um dia fora alguém que ele amara. Por
respeito a um passado morto e enterrado, que parecia ter acontecido a milhões
de anos? Talvez aquela conversa fosse uma estupidez sem tamanho e o preço dela
fosse mais alto do que ele pudesse pagar.
Em um reflexo rápido e primordial,
ele virou as costas e apressou-se em direção a sua “pequena cova”. Não teve
tempo de ver o que aquele gesto impulsivo causara naquela harpia, e nem queria ter
que encará-la. Para o inferno com a consideração; sua esposa estava morta há um
bom tempo.
Rapidamente, tirou a mala de
viagem grande e surrada debaixo da cama e abriu os armários com violência.
Começou a tirar as roupas de forma desordenada e socá-las no fundo da mala, mas
logo desistiu. Correu para a escrivaninha e começou a tirar coisas de muita
importância, coisas que simplesmente não poderia deixar para trás. Perdeu um
tempo maior com elas, mas só porque não tinha a menor intenção de voltar. Nunca
mais por os pés naquele lugar que um dia chamara de lar, doce lar.
Foi quando ela irrompeu pela
porta. O barulho o fez virar e encará-la. E só não gritou porque um vestígio de
autocontrole ainda circula por seu corpo.
Parecia um monstro, os olhos
inflamados de ódio e não havia outra palavra para descrever o que ele
testemunhava. Estava encurralado outra vez. Sentiu que poderia chorar de medo,
puro medo, ao primeiro grito inumano que saísse da boca contorcida daquela
mulher.
_ O que demônio você está fazendo?
Era pior que um grito. O tom baixo
e esgarçado de sua voz era... do além.
_ Indo embora. Preciso ir embora!
_ Do nada?!
_ Do nada, não. Eu... preciso ir!
Não posso mais viver aqui, em lugar nenhum debaixo do mesmo teto que você!
_ Ficou gagá, seu estúpido pedaço
de merda? Quer que eu chame um maldito médico? Ou melhor, chamar um hospício e
te jogar lá para sempre?
_ Até um hospício seria melhor que
viver com você! O inferno parece até um lugar acolhedor!
Arrependeu-se muito daquelas
palavras. Ele também não era assim. Não era um grosso, não queria feri-la de
nenhuma forma. Mas era tanto acumulado, perdera o controle. O medo tomara posse
de seu corpo por inteiro. E também de suas palavras e atitudes. Contudo, estava
profundamente chateado. Essa era aquela parte que há minutos queria ter uma
conversa, na medida do possível, saudável com aquele monstro flamejando de
raiva que bloqueava a única saída do quarto.
_ Crise da meia idade? Não seja
ridículo! Está comendo alguma vadia por aí? Ah, não, você é muito nojento e
pobre para isso!
Sua risada rouca o arrepiou. Tinha
urgência. Contornou a cama e recomeçou a jogar roupas de qualquer forma na
mala.
_ Só me deixe ir, pode ser? Não
quero transformar essa situação em uma coisa pior.
Tipo, você acabar me matando de fato.
_ Não pode ser coisa nenhuma!
Quarenta anos comigo e você vai sair na calada da noite de casa? O que eu vou dizer para os vizinhos? Que meu
marido é um velho coroca filho da puta?
_ Diga o que lhe der na telha.
Pode me xingar de todos os jeitos. Se você quiser, saio da cidade! Nunca mais
dou as caras!
_ E me deixar morrer de fome?
Depois de todos esses anos a idiota aqui limpando o chão onde você pisa?
Cozinhando e te deixando bem alimentado? Olha como você está gordo! Mal é que
você não comia! Criando as porcarias de seus filhos? Quem você acha que é?
UM VELHO APAVORADO!
_ Covarde.
_ Como queira. Não tiro sua razão
de forma alguma. Estou errado. Mais do que qualquer coisa. Nada me dá o direito
de fazer o que estou fazendo. Mas... eu preciso
ir.
_ Vá para o inferno, seu maldito!
Ela bateu a porta e ele pode ouvir
seus passos quase afundando o chão. Fechando os olhos, ele inspirou e inspirou
várias vezes. Sentiu o corpo quase assentar. Abriu novamente os olhos e
continuou apressadamente a pegar coisas pelo quarto. Quinze minutos depois, deu
uma olhada pelos cantos e tentou se certificar de que tinha pegado tudo que
realmente precisava. Não se sentia covarde. Sentia-se a poucos passos da
liberdade. De uma coisa que ele recordava vagamente do que era.
Paz de espírito.
Poucos passos. Poucos minutos. Respirar
fundo, manter o controle. Ele só precisava sair da casa. Depois poderia dormir tranquilamente pela
primeira vez em cinco anos. Sem insônia, sem olhar no retrovisor do carro. Sem
se esgueirar pela casa. Sem se assustar com barulhos bobos. Sem medo. Era o que
ele mais desejava no mundo.
Uma batida na porta.
Duas.
Três.
_ O que foi?
Porque ela não escancarava a porta
e o alvejava com mais palavras? Porque ela tinha desistido tão fácil? Para ela,
meia dúzia de ofensas realmente tinha sido muito pouco. Será que ele estava
mesmo perdendo o juízo e exagerando? Será que ela não estaria se sentindo tão
assustada e vulnerável como ele e a única forma de se proteger foi com toda a
hostilidade que demonstrara? Será que ela não queria perdê-lo e só tinha
reagido de maneira diferente da dele?
Quatro.
_ Abra, quero conversar de
verdade. Sem desrespeito.
Não.
Aquele tom em sua voz. Era ruim.
Era zombeteiro.
Era um mau presságio.
_ Abra, por favor.
Não.
Estava petrificado de pânico. Não
podia se mexer, não queria se mexer.
Um animal em uma armadilha.
Tremia, sentia um suor gelado
escorrer lentamente pela sua testa.
_ En... en...
Sua voz se recusava a sair. Não
queria morrer. Não queria de forma alguma.
_ Entra.
A porta se abriu lentamente. O
corredor atrás dela escuro. A casa estava mergulhada em silêncio perturbador.
Até o televisor estava desligado. Sua expressão era neutra, mas seu olhar era
mal, uma sombra escura se formava embaixo dos olhos. Ela deu dois passos em
direção ao centro do quarto. Ele quis pedir para ela não se aproximar mais,
contudo, estava tão tenso, que temeu esquecer-se de respirar.
Ela olhou em volta, o quarto em um
estado de caos.
_ Você vai mesmo.
_ Sim.
_ Faz uma última coisa por mim?
_ O que?
_ Lembra daquele livro que te dei,
há muito? Aquele que você sempre deixa aí em seu criado mudo?
Ela apontou, seu dedo era quase
uma garra. Com o canto dos olhos, procurou o criado mudo.
_ Eu...
_ Por nós. Faz esse último favor e
não te incomodo mais. Vá viver sua vida, como queira. Mas deixa-me esta última
recordação.
Conflito.
Não confiava nela.
Naquilo.
Mas ele tinha sido cruel com a
pessoa com quem vivera durante quarenta anos. Muitos deles tinham sido bons.
Ele a estava deixando sem mais explicações, de forma covarde e desleal. Ela
tinha gritado seus bons e velhos insultos, mas eles eram velhos e cansados. A vida não afeta a todos da mesma forma. O
tempo lhe trouxera aquele medo irracional. A ela, o amargor. Poderia culpá-la?
Ele só queria sair dali. Não custava um último gesto de compreensão.
Virou-se e se inclinou para abrir
a gaveta.
A próxima coisa que sentiu foi a
violência do golpe no meio das costas. Era algo grande e afiado, cortando sua
carne como se fosse manteiga. A dor foi indescritível, acompanhada de um choque
tamanho que não conseguiu sequer articular um grito, um pedido de socorro.
Sentiu o que parecia ser uma lâmina saindo de corpo e segundos depois, entrando
novamente em outro lugar. A dor o cegou de pronto, não conseguia mais respirar.
O processo se repetiu mais umas quatro vezes, sem perder a intensidade, sem
perder a força insana.
Deixou o corpo desabar de bruços
no chão. Sentia a vida indo embora, como se ela fosse fluida, palpável, não
mais um mero conceito. Buscava o ar, que não vinha. Só conseguia enxergar
pontos pretos e nebulosidade. A dor cessara, talvez fosse tamanha que o corpo
desistiu de traduzi-la. Sim, seu corpo estava desistindo de muitas coisas,
principalmente de se manter vivo.
Sentiu o pé de sua mulher, um dia
amada, aquela mesma que estava linda de tirar o fôlego no casamento deles,
virá-lo. Ela queria ainda olhá-lo nos olhos. Mas ele não sentia mais medo ou
indignação. Esteve se preparando e tentando evitar aquele momento horrendo. De
olhar nos olhos dela uma última vez e ver mais que maldade, mais que ódio. Ver
a morte. Tão personificada como a vida saindo dele.
_ Vá embora, vá para sempre, seu
velho maldito.
Os olhos se fecharam e a última
coisa que sentiu foi que agora o medo acabou.
Não tinha mais que fugir.