28.7.05

_ Vou acender uma vela por você.

A TPM passou. A tempestade não. Sabe quando você explode e joga tudo aquilo que você simplesmente acha que acontece a sua volta? Você sabe que não, mas é só uma desculpa, pra chorar um pouco mais e dizer que está triste ainda com alguma coisa que você simplesmente não consegue explicar. Tudo está bem, bem... Acho que preciso de um abraço que transmita tudo aquilo que eu quero sentir profundamente. Que sabe, está tudo bem.

As vezes eu acho que tem algo errado comigo. Que eu as vezes volto para os tempos de solidão. É falta do que fazer. Passa logo... Espero. Aqueles tempos, negros e frios... não quero que voltem.

_ " ... simplesmente não conseguia parar de sentir sua benção. "

Mais uma parte de Mil Horas para meus caros leitores invisíveis.

Mil Horas
* Parte 2 *

Foi até a cozinha com alguma esperança, talvez ainda restasse algo. Mas não, nada restava, nenhuma garrafa miraculosa e pacificadora. Ele também tinha feito o mau hábito de acabar com as preocupações numa taça de vinho ou numa dose de vodka ter fim. Seus antigos refúgios tinham sido todos violados por aquele homem cruel que só fez o bem. Deparou-se sentada na mesa, olhando a madrugada passar através da janela. O que seria dela agora sem ele? Nada, nada! O que sempre fora, um nada aborrecido e rastejante. A hora insistia em não passar, assim como a dor. E o sono nem para dar as caras e consolá-la.
Ficou assim, pensativa e largada pelos cantos da casa até que o sol veio ferir seus olhos doloridos. Encostada em algum canto, olhava o nada, tentando pensar em coisa algum, mas aquele lugar estava abençoado demais pela presença dele e ela, criatura dependente, meio parasita, simplesmente não conseguia parar de sentir sua benção. Ouviu o despertador no quarto. Era mais um dia nascendo devagar... E ela, em contradição, morria. Arrastou-se vagarosamente até o chuveiro. Um banho e um dia longo e cansativo no trabalho com certeza iam encher sua cabeça o bastante para esquecer seu drama pessoal. Drama, drama... Sentiu-se humilhada por sua dependência. O barulho da água silenciou os insultos que fazia contra o ser que mais odiava no momento; a idiota no espelho. Seu corpo magro agradeceu a ducha. Surgiu uma vontadezinha de sorrir, porém seus lábios recusaram-se a fazê-lo. Estavam eternamente tristes. Olhou em volta e achou provas da convivência de cinco anos com ele. Seus joelhos ossudos balançaram e o corpo escorregou pelo azulejo gelado. Era apenas um xampu e aquela toalha azul... Achou que seu estoque de lágrimas devia ser infinito e ficou ali, deixando o chuveiro prantear com ela.


Continua ...

24.7.05

_ ... sem misericórdia...

Bem, como eu disse em algum post por aí, a primeira parte de Mil Horas... ando escrevendo bastante, espero postá-los por aqui. Mil horas é grande, por isso, a meus caros fantasmas que acompanham meu blog, paciência.

Mil Horas
* Parte 1 *

Lançou o lençol longe e recomeçou seu pranto. Seus olhos já estavam inchados e ardiam. Por Deus, só queria dormir! Profundamente e nunca mais acordar, de preferência. Cerrar seus olhos vermelhos, descansar o corpo fraco e livrar-se da alma que incomodava. Burra, burra, mil vezes burra! Estragara tudo novamente, com sua imaturidade, com sua personalidade fraca e inconstante. Virou-se e afundou o rosto no travesseiro encharcado de lágrimas, preenchido não por espuma, mas por desespero. Não conseguia se lembrar de outra vez que tinha chorado tanto. Queria gritar, mas eram insuportáveis três horas da manhã. Acordaria os vizinhos. Os mortos até, se realmente gritasse como tinha vontade. Sentou-se, acomodando-se na cama que parecia mais seu leito de morte. Observou a escuridão silenciosa e cruel. Buscou no silêncio da madrugada algum conforto, mas não achou. As lágrimas cessaram. Haveriam de ter secado, enfim. Precisava dormir, demônios! Madrugada que jamais acabava... Aquela noite, para sua desgraça, tinha mil horas, sem descanso e sem misericórdia.
Pulou da cama e foi ao banheiro. Vasculhou o armário do espelho de novo, mas não... Não estavam lá. Por que se livrara deles? Calmantes; tomá-los-ia e pronto! Uma noite tranqüila de sono sem sonhos. Queria poder fugir daquele pesadelo que vivia. Tão real que doía na carne. Ele, sim, ele a fizera jogar no lixo todos seus antigos companheiros. Ele tornara suas noites tranqüilas, com seus olhos doces. Fizera com que largasse do vício para adquirir outro, agora podia ver, bem pior: o amor. Sequer se olhou no espelho, pois tinha medo, repulsa. Nunca se acostumara com as próprias feições, aquele rosto magro e pálido, sempre triste. Nascera com aquela expressão, morreria com ela e não lhe restavam opções a não ser aceitá-la. E naquele momento, estaria ainda pior, marcada por aquela dor que não a deixava dormir.

Até.

19.7.05

_ " Seria uma segunda feira linda de Julho se não fosse o cheiro de morte putrefando o ar..."

Não quero ser velada quando morrer. Não quero gente chorando e esperneando sobre meu caixão. Quero paz na hora de morrer, um túmulo bonito com um anjo adulto ( nada de anjinhos de cabelo enrolado ¬¬ ) com flores na mão. Que elas sejam eternas como eu não pude ser. Mas nem elas serão, não é verdade? Nada, exatamente é eterno. Mas o que me faz passear pelas tumbas da morte, em uma segunda feira tão linda? Nada, é que velórios me fazem pensar. Odeio ver meus amigos tristes.

_ " A angústia corroia-lhe a garganta e o peito já estava oprimido com aquele ar ...."

Odeio me sentir assim... Não, essa coisa me levou a pensar em coisas estranhas, mas logo percebi que o erro estava em mim. A tristeza as vezes é dura de combater. Desmotivada, forte e teimosa... Gruda e invande o coração. As lágrimas não são bem vindas, nem sei o que as causou. Então eu luto, luto... penso em outra coisa, faço outra coisa, encho a cabeça para não dar importância para essa besteira que é sentir triste só por estar aqui.... Problema é que minha alma é tão mais forte que meu corpo...

Mais coisas a escrever ... deixa pra depois, quando a tristeza não esiver influenciando malignamente minhas palavras ...




10.7.05

_ Melhor iluminação ... 1963, Nosso Ano!
Reviver as lembranças da noite de 3 de Julho de 2005 é aquecer essa madrugada horrível de sábado. Sim, o trabalho sem amor me rendeu o prêmio de Melhor Iluminação e rendeu para o grupo o prêmio de Melhor Espetáculos entre outras cositas más. Uma noite boa, maravilhosa, ao lado de quem gosto tanto... Meus amigos e ele. Aquele detalhezinho no meio de tanta gente que me viu subir ao palco e abraçar o meu troféu... Aquele menino que estava cansado e quase passando mau... o prêmio maior era a presença dele. Porque a presença dele sim, é um ato de amor.
_ Puf.
Dia chato demais... Uma semana inteira se passou e nada se fez, a não ser ficar morgando nesse computador maldito. Eu preciso estudar... Falta vontade, está muito frio... Frio é bom e meu frio não é mais solitário. Mas hoje a noite é... E ela me transporta acidentalmente para outros infernos <> gélidos de minha vida. Sábado gastos na frente do computador de coração vazio e sem esperança, aquele aperto no peito e as lágrimas prontas para serem choradas. Hoje tem esse gosto, apesar de estar de coração cheio e saber que amanhã vai tudo passar. Os dias ruins da TPM não podem ser evitados nem quando se está apaixonada! ><
_ Mil Horas.
Quero postar meu conto. Talvez o faça por partes. Minha sorte é que ninguém me lê, não tenho compromissos de leitores ávidos por saber seu fim. rs Mil horas é um conto triste, é um conto libertador para sua personagem. Lembro-me de como começou a ser escrito, seu berço... Na espera. Naquela espera no metrô Santa Cruz que nunca acaba. Caderno e lápis em mãos, a dor de meu personagem finalmente tornando-se palpável atráves da palavra. Eu vi tantos rostos enquanto esperava e nenhum me pareceu o dela... Ela sequer tem nome. E eu ainda a faço perder a alma, o folêgo e amor... Terminou de ser escrito em um dia como esse, chato, aborrecido, carente... Na escola, no intervalo enquanto todos conversavam eu me dava por completo para fazê-la seguir seu rumo triste. Talvez eu devesse achar outra alma por aí e dar-lhe uma chance de salvar-se atráves de minhas palavras, já que é um dia inspirado, onde posso respirar essa tristeza de minhas personagens. Mas é tarde ... vou domir. E nascer de novo, disposta e sem TPM para um domingo lindo de inverno.
Até

1.7.05

_ Por favor, falem ALTO e CLARO!

Festival de Teatro do Santo Agostinho ... segundo ano. A primeira vez a gente nunca esquece, mas a segunda é bem melhor? Não sei, o resultado eu só vou saber no domingo, na premiação. Mas aqui eu deixo minhas impressões. Era pra ser a semana mais legal do ano, assim eu pensei naquela segunda de manhã. Mas não foi... Foi uma semana fria de inverno, sem emoção. Sem paixão e brilho. E pisar no palco de novo e mexer nos botões da luz... acho que foi solitário. É o que eu disse pra Aline enquanto estavámos sentadas no ônibus: um buraco. Sim, dentro do meu coração... cadê tudo aquilo que eu vi e senti ano passado, no mesmo dia primeiro? Todo aquele clima? Fragmentou-se numa memória tão doce, tão gloriosa, que jamais deveria ser tocada. Nesse mesmo dia primeiro, enquanto eu carregava um esquilo de isopor pintado por mim, senti que seria a última vez que pisava ali. Que sentiria aquela sensação. E não me enganei. Fica o vazio e o sentimento de um trabalho bem feito, apesar de tudo. Um trabalho, não um ato de amor.